Aos que nos disseram, os que nos mandaram.
Às que nos tiveram, aos que nos odiaram…
Deram-nos o que temos, nada, para além sermos
Os que perdoaram, tudo aquilo que tivemos!
"LUÍS VAZ DE CAMÕES
É considerado o maior poeta Português, situando-se entre o Classicismo e o ManeirismoPor : António Leite de Magalhães
De ti só nos deram indigestõesMas a tua sensibilidade, revolta de cantor bandeiranteda pureza lusitana e do amor,ficaram ocultas,deturpadas sem o mínimo pudorSai da campa e dos monumentos,junta-te a Bocage, Antero de Quental,dá o braço ao Ary dos Santos e José Régio,Traz também o Gomes Ferreiratodos os mortos lusitanos.E JUNTOS DESMASCAREMESTE DEMOCRÁTICO PORTUGAL."
Ia eu um dia a navegar por mares desconhecidos…
Um oceano infinito, denso e azul negro.
Barco sem velas, de mastros podres…
Candelabros enferrujados e baços.Um lugar de homens perdidos e um lemeEscondido, nos meus braços…Comandante sou eu e mais ninguém, apenas eu,Eu e eu.Sou cego mas vejo em direcção a sul, a minha fugaÉ guiada pelo vento, eu, sem alento e desesperado por nada.Em direcção ao fim do mundo, vou, e quando lá chegar,Pedirei para continuar a comandar o “egoísmo”, nome do meu barco.
Que sonho de perdição ondular e confusa, onde vi o Deus dos 12 mares.
Ordenou-me parar e perguntou: - Onde irás parar tu, meu jovem imbecil?
- Apenas paro quando atingir o fim do mar, o infinito, onde paro até lá chegar?
Irás tu sempre mandar-me parar? Por favor, parai de me atrasar, ó Deus do todo e só um mar!
A sua ira flamejava e reflectia-se nos olhos grandes e negros, que lacrimejavam um verde-escuro, cor de limo.
Com um grito cortante, o gigante fez voar o meu sonho de volta à realidade.
Enfim, sou um louco sonhador…Mas será que sempre serei aquilo que acredito, inconsciente, ser?Talvez saberei um dia quando perder tudo o que amei, quando morrer.Entretanto, continuo a fugir, sem saber o que me persegue de verdade…- Egoísmo, diz-me qual o tamanho dos teus mastros podres e o que elesPara ti significam, não me deixes ignorante e sem saber melhor.Perdoai-me, não tratar mais de ti mas eu também tenho braços e pernas.- Meu velho amigo, meu espelho, eu estou tão podre quanto tu, aliás, mais podre ainda estás, pois já o eras assim que me pisastes pela primeira vez, talvez.Respondeu ele.Em silêncio, pensei no que disse.Retirei-me para os meus aposentos, deitei-me, incrédulo comigo…Admirado e a pensar em sombras do passado. Nada mais do que eu, eu e eu.Nada para além de mim existe.Tudo o que mais fosse, sem ser eu: irreal.O meu pior medo, percebi, que fugia de mim.Independentemente do que fosse, a fuga, a razão, o mar.Eu sou tudo aquilo que um universo pode ser, para além,Do que nada?