terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Escurece e amanhece - visão turva


Escurece e amanhece - visão turva.
Assim, igual a si próprio - padece,
Terra de enterrados - nem erva mexe.
Onde vida de tão direita ser, nunca curva.

Rombos na crosta - tão idoso saber,
Crescem-lhe sem fim de acabado:
Velho, não morto mas esmiuçado,
Coisa sem estado (do estado sem coiso),
Sujo céu de claro anoitecer.

Quem tolo foi, é - nunca viu além:
O mal criado, o desgovernado;
Onde jaz gente há muito falecida.

Teu futuro afogado, porém,
Na ironia - águas do passado.
Mas se não morreres, morre de vida! 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Atenção: Bíblia sagrada


        ATENÇÃO: Esta é uma obra de ficção. Não a interprete literalmente.

Aviso de conteúdo: contém versos que descrevem ou defendem suicídio, incesto, bestialidade, sadomasoquismo, actividades sexuais em contextos violentos, assassinatos, violência mórbida, uso de drogas ou álcool, homossexualidade, voyeurismo, vingança, corrupção de autoridades, desregramento, violação de direitos humanos e atrocidades.
Exposição: a exposição ao conteúdo por períodos extensos ou durante os anos de formação de uma criança pode causar delírios, alucinações, capacidade de compreensão e raciocínio prejudicada e, em casos extremos, distúrbios patológicos, ódio, fanatismo e violência, incluindo fanatismo, assassinato e genocídio.

Facebook: A rede anti-social



 Pois bem, eis o que considero o ópio da nossa década: o Facebook. Nunca aderi a esta rede social nem faço intenções de o fazer, tenho um google plus somente por causa deste blog, mas tenho de o apagar assim que possível.

 A maior rede anti-social do mundo tornou-se para muitos um vicio e é pura poluição visual. Aquilo que a maior parte das pessoas hoje em dia faz na Internet é usar o Facebook mas acredito vivamente que viveríamos todos ainda mais socialmente se não tivéssemos um.


Algumas razões para poderem apagar o Facebook:


O Facebook não é ético. Toda a gente sabe que no que toca a questões de privacidade, segurança ou conteúdo, o Facebook não é um exemplo a seguir. Toda a informação pessoal inserida está automaticamente a ser monitorizada por entidades privadas e órgãos políticos. Por isso, existe censura no Facebook a uma escala gigante como por exemplo este site demonstra.

 Mesmo nas políticas e termos, o Facebook diz:

"Podemos partilhar informações que recebemos com empresas que fazem legalmente parte do mesmo grupo de empresas ao qual pertence o Facebook ou que se tornam parte desse grupo (estas empresas são muitas vezes chamadas de afiliadas). Do mesmo modo, as nossas afiliadas também podem partilhar informações connosco. Esta partilha é feita em conformidade com as leis aplicáveis, mesmo que tais leis requeiram consentimento. Nós e as nossas afiliadas poderemos utilizar informações partilhadas para ajudar a fornecer, compreender e melhorar os nossos e os seus serviços."


 Por isso, quem acha que o Facebook é uma fonte de informação livre, está bastante enganado. É mais um factor da censura na Internet e as pessoas hoje em dia usam-no de forma informativa, lúdica e/ou didáctica. Isto faz com que o usuário "comum" da Internet se restrinja ao Facebook e consuma a sua informação. Desta forma afirmo que o Facebook não é ético e até pode não estar de acordo com a lei em certas situações: até que ponto é válido venderem e "doarem" a nossa informação pessoal a "afiliadas" e a entidades politicas, chegou o big brother? A nossa liberdade que julgamos ter será que a temos? Não sei, mas sei que quanto mais nos limitarmos aos conformismos, mais hipóteses temos de ser um produto de empresas capitalistas que alegam o nosso bem estar social para fazer dinheiro. 


 Claro que a censura não é exclusiva do facebook, tal como esta rede social existem outras que fazem o mesmo e os próprios motores de busca também o fazem, como é o caso da google. Este site ilustra isso muito bem. 





O Facebook torna-te na pessoa que não és. É isso mesmo, o Facebook faz-te parecer uma espécie que não é desta sociedade devido ao seu conteúdo mentecapto. 


 Existe a tendência, como é normal, de viver integrados numa sociedade e como a rede-social hoje em dia faz parte, de certa maneira, da sociedade, a interacção social está bastante presente na mesma. Como é apenas um site na Internet, os usuários estão protegidos pelo contacto indirecto dos outros, que proporciona uma maior coragem para agir da forma que lhes mais agrada e ser da forma como mais lhes agrada. Assim, muitas das vezes, as pessoas usam-no para criar versões melhores ou mesmo fictícias delas próprias para outros verem. Como por exemplo uma pessoa gorda tirar fotos de ângulos diferentes para parecer melhor. São os jogos ridículos que se joga só por jogar um jogo do Facebook, os amigos que não são amigos, os gostos para ver quem tem mais, enfim, uma enormidade de mentiras. Na minha opinião, toda a gente quer ser amada e aceite num panorama maior do que o delas, mas a verdadeira felicidade que preencha esse vazio que crie a necessidade, quase um alter-ego, é de alguma forma conseguida através de uma rede-social? O tempo que se perde quando se acha que não existe nada para se fazer e vai-se para o Facebook pastar não era melhor aproveitado na convivência humana directa, a fazer coisas que realmente complete o humano? Ter uma boa conversa?  Por isso afirmo que o Facebook é uma rede anti-social, porque provoca exactamente o efeito contrário e espectável do utilizador - mais uma necessidade criada; mais uma dependência que afecta o relacionamento humano; mais uma razão para vegetar em casa. 



O Facebook pode-te fazer parecer um idiota. Provavelmente muita gente já se sentiu humilhada e inferiorizada por causa da ilusão de que a vida alheia na rede anti-social é melhor do que a própria: as fotografias do outro e da outra transparecem uma vida felicíssima; invejas emocionais; descontentamentos estéticos; falsos profetas; etc... Enfim, o Facebook é constituído por um conjunto de actores, onde se soltam os desejos mais profundos e perversos de cada um cobridos sempre por um papel, neste caso um computador.


 De certa forma, todas estas situações podem destruir uma vida emocional já débil, devido a factores profissionais, pessoais, etc., como a de muitos: o porquê de a vida dos outros aparentar ser tão boa e a própria tão má? De facto é deprimente, era como olhar para a janela do quarto e ver um mar de gente a sorrir.  

 Já existiram vários casos de cyberbulling no Facebook, até, por exemplo, o caso extremo de Amanda Todd, uma pequena rapariga de 15 anos que se suicidou devido a uma foto dela ir parar à Internet e ser alvo de humilhação. Mesmo depois de morta continuaram os comentários na sua página. Nos jovens adolescentes tudo faz sentido, tudo importa, tudo tem um significado... E num contexto social directo, as crianças podem usar a sua crueldade, fruto da sua idade, a partir do Facebook. Imagine-se que o pai ou a mãe de um rapaz sofre de uma deficiência mental crónica e faz parte dos amigos do filho. O colega idiota da turma do mesmo, poderia usar aquilo como motivo de chacota na escola podendo causar uma enorme depressão na criança e, por sua vez, arruinar o seu percurso escolar. Claro que este é um caso ligeiramente extremo, mas é real e acontece. Ser humilhado é algo bastante significativo numa criança e quem expõe a vida na Internet sujeita-se a isso e muito mais. Existem inúmeros casos de cyberbulling no Facebook e não só é claro. 

 O Facebook permite bulling, superficialidades, partidos políticos nazi, organizações que apoiam guerras, páginas de pedófilos, de assassinos, mas conteúdo pornográfico não! Pode ferir susceptibilidades. Que grande hipocrisia! 

 Liberdade? Não! Tudo aquilo que o Facebook faz, com certeza não tem nada a ver com liberdade! É uma rede anti-social de fácil consumo, como o fast-food. Apesar de alegar que defende a Internet livre, o Facebook faz com que o usuário o consuma ao máximo, por isso, o seu único interesse é que todos o usem, de modo atingir maiores lucros. Mas não há limites para o capitalismo? O Facebook veio por em causa a liberdade da Internet e do próprio individuo de certa maneira. A Internet não se resume só ao google e ao Facebook, mas parece que para lá caminha. Cabe a nós não nos conformarmos com esta "cyber ditadura" e começar a apagar contas se quisermos um mundo mais justo e democrático! Se existisse algum tipo de dignidade nessa empresa, não espiava tudo aquilo que o seu consumidor faz. 

 Segundo um estudo, mais de metade dos pais espia a vida dos filhos a partir do Facebook, onde é que anda a liberdade? Toda a gente espia a vida de toda a gente. É como um conjunto enorme de vizinhos invejosos que ocupam o tempo a saber a vida uns dos outros. E muito provavelmente sabe-se mais da vida de pessoas que não interessam à nossa vida do que, por exemplo, a vida de familiares, amigos, etc. E nestes últimos começa-se a substituir as visitas por visitas ao perfil e conversas por chats

 A Internet é um lugar onde toda a gente é livre de se exprimir à sua maneira. Essa liberdade está a ser substituída por grandes espaços publicitários, serviços bonitinhos e empresas que supostamente ajudam utilizadores, isto até pode ser gratuito, mas certamente já não é livre. 

 Só espero que esta moda aterrorizadora que está a acabar com o relacionamento pessoal termine em breve e que a liberdade prevaleça. 





quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Futebol: capitalismo, nacionalismo e irracionalismo



 Hoje em dia existe um negócio tão grande, e não menos sujo, quanto o do petróleo e o das armas: o futebol. O futebol é mais que um desporto: é um conjunto de empresas e um moderno sistema capitalista bastante difícil de decifrar. Agências milionárias, clubes milionários, jogadores milionários, etc., constituem esta "empresa" (ou sem aspas) que transita mares de capital. Em pouco mais de trinta anos, esta modalidade evoluiu do dia para a noite, os jogadores passaram a ser quase como mercenários, os clubes empresas e, os restantes que constituem este desporto, burocratas. Também, e aliás, principalmente, deve-se às cadeias televisivas que alimentam este negócio, com contratos milionários e biliões de espectadores levam a cabo um género de cruzada pelo mundo espalhando-o; quanto mais o consumirem, mais alimenta esta máquina  capitalista e criminosa, até ligada muitas das vezes ao crime organizado. 

 Quem alimenta tudo isto? Nós é claro. Se, em épocas desportivas, principalmente campeonatos internacionais, ligarmos a televisão, assistimos a um enaltecimento, por exemplo, da selecção nacional: os fantásticos; os heróis; os melhores do mundo, etc. Qualquer coisa como 70% dos media por esta altura está infestada pronta para infestar o nosso cérebro; existe um pique de audiências e, consequentemente, mais dinheiro. Por isso, já que em Portugal não existe mais nada que as pessoas, de um modo geral, gostem tanto estupidamente, o futebol é usado como um escape lucrativo para a imprensa, para grandes empresas, e até para o estado. 

 Actualmente, e no meu ponto de vista, os exemplos de grandeza que se dão neste país é ser-se "Cristiano Ronaldo". Este grande desporto é então usado para encobrir os problemas sociais, culturais, económicos, atrasos e deficiências desta nação. O estado, a comunicação social e uns quantos empresários moldaram desta forma o centro da cultura de muitos portugueses, colocando infiltrada-mente o futebol na cabeça de cada um a pouco e pouco. É uma espécie de suicídio cultural colectivo; um género de uma droga que mata o vício (faz esquecer certos problemas) temporariamente, uma "bebedeira visual". Se nos trouxe-se alguma felicidade, seriamos dos povos mais felizes do mundo e pelo contrário, até somos dos mais tristes segundo um estudo recente. Assim, considero o futebol como mais um consumismo instalado pelo capitalismo, é igual a qualquer bem material supérfluo: compramos mas não sabemos bem porquê, não nos vai fazer felizes mas iludimos-nos com essa ideia e continuamos a fazê-lo. 

 A nossa pátria já não é dedicada a nós, mas sim a um grupo de onze. Habitualmente de dois em dois anos o orgulho dos portugueses é depositado na selecção nacional de futebol. Realmente não vejo outros grandes motivos de orgulho mas no mínimo podíamos reparar em outros aspectos do nosso país e glorifica-lo do mesmo modo que se glorifica a selecção, que na minha opinião não é sequer motivo de orgulho tal como qualquer outro clube, por ser exactamente só isso: futebol. Encontro um paralelismo entre as lutas de gladiadores romanas e o desporto rei: nas lutas de gladiadores o povo romano gritava por sangue dos escravos que lutavam e eram brutalmente assassinados numa arena. A sobrevivência destes dependia deles e principalmente do povo que demovia o imperador a dar ou não ordem de execução, a sua liberdade, vida e alguma felicidade era assim regida por terceiros. No séc. XXI, com se costuma dizer, o escravo tornou-se o mestre, claro que as sanguíneas batalhas felizmente já são história mas o comportamento humano é idêntico, dependendo agora um pouco a felicidade do povo o sucesso dos jogadores que neles crêem. Recordo-me do euro 2004, Portugal foi anfitrião da competição, tínhamos todos bandeiras nas janelas e  gritámos pelo nosso país desalmadamente. O problema foi que não gritámos pelo país mas sim pela selecção, ou seja, por um grupo de onze jogadores tão humanos e tão falíveis quanto todos. Mas por que é que a selecção nunca grita por nós ou mesmo pelo próprio país? 

 No que toca a fanatismo, o futebol é qualquer coisa de extraordinário. Portugal, internamente ou externamente, já não tem qualquer tipo de divergências com outras nações ou regiões à bastantes anos, a não ser quando se joga à bola. O futebol é último grito de nacionalismo quase, e muitas vezes, extremo , criando até, em várias ocasiões, ódio onde ele não existe. A rivalidade entre clubes é algo que considero ridículo, nunca se discute tanto um assunto quanto este nos cafés, em multidões e programas mentecaptos de televisão. Cada vez que oiço em falar de um Benfica-Porto ou outro derby qualquer "importante", lembro-me sempre de um exercito saído da era medieval a carregar estandartes a gritar cânticos de guerra. Porquê? Exactamente porque, como disse à pouco, o futebol é último reduto do nacionalismo em massa em Portugal. Quase como uma religião, os seus crentes seguem dirigentes que apelam ao regionalismo (como "pequenos Hitler's"), ou seja uma divisão social que de vez em quando gera violência ou mesmo mortes; as pessoas "filosofam" umas com as outras sobre o que se deveria ter ou não feito no jogo ou se devia ter comprado ou não aquele jogador (como se dum produto se tratasse), etc. E isto é grave, de modo geral as crianças portuguesas, nomeadamente os rapazes, querem ser jogadores de futebol: não acho mal mas porque é que só existe este exemplo? Os pais não são suficientemente exemplares? As entidades não querem que as pessoas pensem, querem fantoches. Portanto, digo que não somos muito diferentes de um animal doméstico: damos-lhe comida e ele fica contente. Nem um chimpanzé é tão brando, pois só come a fruta que deseja.  

 Concluo que hoje em dia por vivermos no país onde vivemos e com as dificuldades nele criadas, temos de nos ocupar com alguma coisa, mas precisamente para não reflectirmos sobre o estado das coisas, os oligarcas portugueses dão-nos entretenimento rápido que cega até os mais atentos. Onde é que anda a verdadeira cultura? A música, a política, o homem de modo geral, o nosso futuro? 
Já imaginaram um Portugal sem futebol? O que era feito do nosso tempo livre? Creio que seria uma maçada ocupar-nos com cosias realmente úteis para nós. O difícil que era darem-nos razão para gritar por algo sem ser bola... A quebra de lucros comunicação social, as mascaras do país, os nossos filhos sem saber "o que querem ser quando forem grandes"! As rivalidades entre Lisboa e Porto...

  O futebol, mais que um desporto em Portugal: uma das receitas que o nosso estado fornece para a ignorância geral. 

 Se gosto de futebol? Sim gosto. Se sou adepto de um clube? Sim sou. Mas penso que temos de ser as mãos por detrás dos botões e nunca o contrário. 

sexta-feira, 22 de junho de 2012


Aos que nos disseram, os que nos mandaram.
Às que nos tiveram, aos que nos odiaram…
Deram-nos o que temos, nada, para além sermos
Os que perdoaram, tudo aquilo que tivemos!

Sabem, quando estamos bêbados, drogados ou sob efeito de qualquer coisa, somos as pessoas mais sinceras do mundo. A questão é: até que ponto somos sinceros connosco. Se expusermos a realidade tal como ela é, podemos ser julgados, criticados ou mal interpretados. O que nos convence daquilo que realmente somos é a nossa própria convicção e também é o que nos faz aceitar aquilo que realmente contrariamos. Nós, humanos, somos a única espécie que se enjaula uns aos outros, por isso, devíamos começar a compreender melhor as nossas alterações e a reflectir sobre elas. Será que somos o que realmente somos? Ou apenas o que realmente tentamos ser? A bem ou a mal,  todos nós sabemos que tentamos ser o que queremos, frustrados no que queremos ser. (?)

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Com as cores das minhas ideias divago…
Perco-me neste mar abstracto e ilógico
Maravilhoso é, este prazer de pensar em nada.
Viajo pelo mundo parado, sentado, deitado…
De qualquer maneira, à minha maneira…
Hoje sou Apolo e Dionísio,
Conjunção de opostos completos
e irrequietos…
Os meus deuses da imaginação do agora,
O equilíbrio prefeito, onde me sinto perdido
e encontrado.
Enlouquecer... Desenlouquecer...
Expilo as minhas palavras intrínsecas do momento
Pois o que alguém sem a ternura do pensamento,
Para além d’um pupilo de alguém sem saber.
Um tresloucado...