terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Facebook: A rede anti-social



 Pois bem, eis o que considero o ópio da nossa década: o Facebook. Nunca aderi a esta rede social nem faço intenções de o fazer, tenho um google plus somente por causa deste blog, mas tenho de o apagar assim que possível.

 A maior rede anti-social do mundo tornou-se para muitos um vicio e é pura poluição visual. Aquilo que a maior parte das pessoas hoje em dia faz na Internet é usar o Facebook mas acredito vivamente que viveríamos todos ainda mais socialmente se não tivéssemos um.


Algumas razões para poderem apagar o Facebook:


O Facebook não é ético. Toda a gente sabe que no que toca a questões de privacidade, segurança ou conteúdo, o Facebook não é um exemplo a seguir. Toda a informação pessoal inserida está automaticamente a ser monitorizada por entidades privadas e órgãos políticos. Por isso, existe censura no Facebook a uma escala gigante como por exemplo este site demonstra.

 Mesmo nas políticas e termos, o Facebook diz:

"Podemos partilhar informações que recebemos com empresas que fazem legalmente parte do mesmo grupo de empresas ao qual pertence o Facebook ou que se tornam parte desse grupo (estas empresas são muitas vezes chamadas de afiliadas). Do mesmo modo, as nossas afiliadas também podem partilhar informações connosco. Esta partilha é feita em conformidade com as leis aplicáveis, mesmo que tais leis requeiram consentimento. Nós e as nossas afiliadas poderemos utilizar informações partilhadas para ajudar a fornecer, compreender e melhorar os nossos e os seus serviços."


 Por isso, quem acha que o Facebook é uma fonte de informação livre, está bastante enganado. É mais um factor da censura na Internet e as pessoas hoje em dia usam-no de forma informativa, lúdica e/ou didáctica. Isto faz com que o usuário "comum" da Internet se restrinja ao Facebook e consuma a sua informação. Desta forma afirmo que o Facebook não é ético e até pode não estar de acordo com a lei em certas situações: até que ponto é válido venderem e "doarem" a nossa informação pessoal a "afiliadas" e a entidades politicas, chegou o big brother? A nossa liberdade que julgamos ter será que a temos? Não sei, mas sei que quanto mais nos limitarmos aos conformismos, mais hipóteses temos de ser um produto de empresas capitalistas que alegam o nosso bem estar social para fazer dinheiro. 


 Claro que a censura não é exclusiva do facebook, tal como esta rede social existem outras que fazem o mesmo e os próprios motores de busca também o fazem, como é o caso da google. Este site ilustra isso muito bem. 





O Facebook torna-te na pessoa que não és. É isso mesmo, o Facebook faz-te parecer uma espécie que não é desta sociedade devido ao seu conteúdo mentecapto. 


 Existe a tendência, como é normal, de viver integrados numa sociedade e como a rede-social hoje em dia faz parte, de certa maneira, da sociedade, a interacção social está bastante presente na mesma. Como é apenas um site na Internet, os usuários estão protegidos pelo contacto indirecto dos outros, que proporciona uma maior coragem para agir da forma que lhes mais agrada e ser da forma como mais lhes agrada. Assim, muitas das vezes, as pessoas usam-no para criar versões melhores ou mesmo fictícias delas próprias para outros verem. Como por exemplo uma pessoa gorda tirar fotos de ângulos diferentes para parecer melhor. São os jogos ridículos que se joga só por jogar um jogo do Facebook, os amigos que não são amigos, os gostos para ver quem tem mais, enfim, uma enormidade de mentiras. Na minha opinião, toda a gente quer ser amada e aceite num panorama maior do que o delas, mas a verdadeira felicidade que preencha esse vazio que crie a necessidade, quase um alter-ego, é de alguma forma conseguida através de uma rede-social? O tempo que se perde quando se acha que não existe nada para se fazer e vai-se para o Facebook pastar não era melhor aproveitado na convivência humana directa, a fazer coisas que realmente complete o humano? Ter uma boa conversa?  Por isso afirmo que o Facebook é uma rede anti-social, porque provoca exactamente o efeito contrário e espectável do utilizador - mais uma necessidade criada; mais uma dependência que afecta o relacionamento humano; mais uma razão para vegetar em casa. 



O Facebook pode-te fazer parecer um idiota. Provavelmente muita gente já se sentiu humilhada e inferiorizada por causa da ilusão de que a vida alheia na rede anti-social é melhor do que a própria: as fotografias do outro e da outra transparecem uma vida felicíssima; invejas emocionais; descontentamentos estéticos; falsos profetas; etc... Enfim, o Facebook é constituído por um conjunto de actores, onde se soltam os desejos mais profundos e perversos de cada um cobridos sempre por um papel, neste caso um computador.


 De certa forma, todas estas situações podem destruir uma vida emocional já débil, devido a factores profissionais, pessoais, etc., como a de muitos: o porquê de a vida dos outros aparentar ser tão boa e a própria tão má? De facto é deprimente, era como olhar para a janela do quarto e ver um mar de gente a sorrir.  

 Já existiram vários casos de cyberbulling no Facebook, até, por exemplo, o caso extremo de Amanda Todd, uma pequena rapariga de 15 anos que se suicidou devido a uma foto dela ir parar à Internet e ser alvo de humilhação. Mesmo depois de morta continuaram os comentários na sua página. Nos jovens adolescentes tudo faz sentido, tudo importa, tudo tem um significado... E num contexto social directo, as crianças podem usar a sua crueldade, fruto da sua idade, a partir do Facebook. Imagine-se que o pai ou a mãe de um rapaz sofre de uma deficiência mental crónica e faz parte dos amigos do filho. O colega idiota da turma do mesmo, poderia usar aquilo como motivo de chacota na escola podendo causar uma enorme depressão na criança e, por sua vez, arruinar o seu percurso escolar. Claro que este é um caso ligeiramente extremo, mas é real e acontece. Ser humilhado é algo bastante significativo numa criança e quem expõe a vida na Internet sujeita-se a isso e muito mais. Existem inúmeros casos de cyberbulling no Facebook e não só é claro. 

 O Facebook permite bulling, superficialidades, partidos políticos nazi, organizações que apoiam guerras, páginas de pedófilos, de assassinos, mas conteúdo pornográfico não! Pode ferir susceptibilidades. Que grande hipocrisia! 

 Liberdade? Não! Tudo aquilo que o Facebook faz, com certeza não tem nada a ver com liberdade! É uma rede anti-social de fácil consumo, como o fast-food. Apesar de alegar que defende a Internet livre, o Facebook faz com que o usuário o consuma ao máximo, por isso, o seu único interesse é que todos o usem, de modo atingir maiores lucros. Mas não há limites para o capitalismo? O Facebook veio por em causa a liberdade da Internet e do próprio individuo de certa maneira. A Internet não se resume só ao google e ao Facebook, mas parece que para lá caminha. Cabe a nós não nos conformarmos com esta "cyber ditadura" e começar a apagar contas se quisermos um mundo mais justo e democrático! Se existisse algum tipo de dignidade nessa empresa, não espiava tudo aquilo que o seu consumidor faz. 

 Segundo um estudo, mais de metade dos pais espia a vida dos filhos a partir do Facebook, onde é que anda a liberdade? Toda a gente espia a vida de toda a gente. É como um conjunto enorme de vizinhos invejosos que ocupam o tempo a saber a vida uns dos outros. E muito provavelmente sabe-se mais da vida de pessoas que não interessam à nossa vida do que, por exemplo, a vida de familiares, amigos, etc. E nestes últimos começa-se a substituir as visitas por visitas ao perfil e conversas por chats

 A Internet é um lugar onde toda a gente é livre de se exprimir à sua maneira. Essa liberdade está a ser substituída por grandes espaços publicitários, serviços bonitinhos e empresas que supostamente ajudam utilizadores, isto até pode ser gratuito, mas certamente já não é livre. 

 Só espero que esta moda aterrorizadora que está a acabar com o relacionamento pessoal termine em breve e que a liberdade prevaleça. 





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